
Crise hídrica provoca o cancelamento da folia em cidades de Minas Gerais e São Paulo. Palcos de festas tradicionais, Ouro Preto (MG) e Olinda (PE) sofrem com racionamento. No Rio, estiagem altera até alegoria de escola de samba
Carolina Farina
“Olha, olha, olha, olha a água mineral...” Cantavam os baianos do Timbalada naquele que se tornou o hit do Carnaval de 1996 – e seguiu agitando foliões nos verões seguintes. A folia deste ano ainda não tem seu hit definido, mas uma coisa é certa: em tempos de crise hídrica, este será, de fato, o Carnaval da água mineral. A escassez de chuvas que castiga, sobretudo, o Sudeste não altera apenas a rotina dos moradores da região: vai atrapalhar também a festa. Dez cidades de Minas Gerais e São Paulo já cancelaram as comemorações do Carnaval 2015 por causa da falta d’água. E outras se preparam para a festa sob o fantasma do racionamento.
A 174 quilômetros da capital paulista, a cidade de Araras estabeleceu rodízio de água para a população em outubro do ano passado. Com o abastecimento já comprometido, a administração municipal optou por cancelar a folia. Não haverá desfile das escolas de samba da cidade ou blocos de rua – sequer houve concurso para eleger o Rei Momo. A programação, agora, inclui apenas balies e matinês. Na vizinha Cordeirópolis, não é diferente: a cidade decretou estado de calamidade pública em junho de 2014 por causa da falta d’água. Temendo um colapso no sistema de abastecimento com a chegada de turistas, a prefeitura optou por cancelar a programação oficial de Carnaval deste ano.
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